quarta-feira, 16 de abril de 2008
O mercado de automóveis é dividido em diversos segmentos, onde as montadoras insistem em apelos mais ou menos racionais para cada tipo de consumidor. Mas existem carros dos quais o cérebro passa mesmo longe. O New Beetle é um exemplo de modelo 100% emocional típico e quase único na indústria automobilística.
Com um estilo retrô que remete ao mítico Fusca, o Volkswagen importado do México tem em suas linhas o principal chamariz. Design, aliás, que acaba por colocar em segundo plano a boa estrutura e os equipamentos de que dispõe -- como o câmbio automático Tiptronic que o modelo 2008 do simpático "besouro" passa a oferecer.
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A moderna e eficiente transmissão de seis velocidades da marca alemã substitui a anterior, de quatro marchas. A opção de câmbio manual também continua sendo vendida no Brasil por R$ 58.080, enquanto a Tiptronic tem preço sugerido de R$ 62.300. Como a oferta é restrita, os preços praticados normalmente vão além desses valores, que em nada lembram os do velho besouro, lançado no Brasil em 1959 e que teve seu último exemplar nacional produzido em 1996.
Pelo menos o New Beetle, construído sobre a plataforma do Golf, chega com airbags frontais e laterais e freios com ABS e EBD entre os itens de segurança. No mais, equipamentos previsíveis em modelos na faixa dos R$ 60 mil: estão lá ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rádio/CD player, alarme, controle de cruzeiro, regulagens de altura e de profundidade do volante e do banco do motorista.
Os espelhos externos têm desembaçadores e setas incorporadas, os faróis contam com regulagem elétrica e o retrovisor interno traz relógio digital e termômetro. Inexplicável, porém, a ausência de um computador de bordo.
Por fora, não se pode, nem se deve, mexer muito no estilo do "Fusquinha do terceiro milênio", lançado mundialmente há dez anos e no Brasil dois anos depois. O modelo agora conta com faróis de neblina e ganhou pneus com 205 mm de largura que calçam novas rodas de liga leve aro 16.
Equipamentos e preço
Como opcionais, o New Beetle pode receber bancos revestidos em couro com aquecimento nos dianteiros, teto-solar elétrico, sensor de chuva e retrovisor eletrocrômico, que fazem o preço sugerido da versão Tiptronic saltar para R$ 68.585.
Mas preço é apenas um detalhe para quem valoriza a capacidade do carro arrebatar olhares e sorrisos por onde quer que passe. A carroceria é toda composta de formas arredondas, como as do antigo Fusca. Aliás, tudo lembra o velho "carro do povo" (tradução literal de "Volkswagen") surgido na Alemanha nazista na década de 1930.
Desde o conjunto óptico redondo e lanternas traseiras ovais até os pára-lamas abaulados. Uma mesma curva de design que é conferida no teto do carrinho e também no capô -- que, aliás, mantém a clássica "cara risonha" típica do Fusca. IMPRESSÕES AO DIRIGIR
O New Beetle foi concebido mesmo para ser indiscreto. Afinal, é só rodar um pouco com o carrinho retrô da Volkswagen por ruas de grande movimento para perceber torcidas de pescoço, dedos apontados, bocas abertas e olhares empolgados para o "Fusquinha burguês".Por dentro, mais referências estilísticas. O revestimento dos bancos com bolinhas pretas e o quadro de instrumentos redondo são exemplos. O que mais chama a atenção, porém, são as alças de apoio traseiras, posicionadas na coluna central, como as do antigo Fusquinha. Um pequeno vasinho para flores, comprido e estreito e feito de acrílico, ao lado do volante, dá um toque mais delicado ao painel.
As semelhanças entre o velho Fusca e o New Beetle se encerram quando se chega ao motor e à estrutura. O hatch mexicano usa propulsor dianteiro (no antigo Fusca era traseiro). Trata-se de um 2.0 litros. São 116 cv a 5.200 rpm e um torque máximo de 17,3 kgfm a 2.400 giros. A suspensão dianteira é independente do tipo McPherson e a traseira é interdependente.
Mas essas modernidades pouco importam frente ao estilo do carrinho -- tão próprio que até os concorrentes são poucos. Conceitualmente, seu único rival no Brasil é o também retrô Chrysler PT Cruiser, que parte dos R$ 68.900.
Mas os brasileiros que pagam por tanto saudosismo estilístico são poucos. O modelo da Volks vendeu 173 unidades em janeiro e outras 238 em dezembro, somando 411 nos dois meses da linha 2008 no mercado. Já o PT Cruiser acumulou 338 unidades no mesmo período, apesar de o veículo da Chrysler contar com motor mais potente, de 143 cv, e bancos com regulagens elétricas. Se bem que, em meio a tanta reverência ao passado temperada pelo estilo "fashion", quem se importa com isso?
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