quarta-feira, 16 de abril de 2008
O VTR, que possui uma traseira peculiar, começa em R$ 71.325
É o caso do C4 VTR, um hatch médio com apelo esportivo que é importado da França desde 2006. Ele vende lentamente -- este ano foram 204 unidades até o final de março. Possui versão única e, até o final do ano ou começo de 2009, vai ganhar um irmão mais convencional no mesmo segmento: o C4 hatch, que provavelmente será propagandeado como um Pallas dois-volumes. Fica até a dúvida sobre se o VTR seguirá sendo importado.
Note que o C4 hatch que virá foi descrito como "mais convencional" que o VTR. Isso porque o design deste último, que teve um exemplar testado por Carros Rádicais , é realmente diferenciado -- pelo menos da coluna B para trás.
Como todo esportivo que se preza, ele possui apenas duas portas, que, aliás, são enormes. Medem 1,38 metro de ponta a ponta. Mas o elemento marcante do desenho do VTR é a tampa do porta-malas, que é quase toda em vidro. Ela começa, já feita no material, avançando 60 cm pelo teto (pouco menos de um terço), faz uma quina -- arrematada com um pequeno spoiler -- e continua quase perpendicular ao solo, até encontrar a parte de metal da terceira porta.
Por causa disso, as lanternas traseiras são verticais, proeminentes e afiladas. E, como a traseira é alta, as janelas laterais acabam ficando maiores que em grande parte dos hatches. O resultado é um misto de esportividade (parece um carro de competição) e estranhamento (parece, também, um veículo de outro mundo).
Poucos carros vendidos no Brasil têm essa ousadia nas linhas, a qual certamente divide opiniões. Um caso parecido é o do hatch C30, da Volvo, que, curiosamente, também é "diferente" devido ao quanto de vidro se usa na traseira.
Dentro do habitáculo e debaixo do capô, o VTR procura fazer jus à esportividade em diversos aspectos. Ele traz o mesmo motor 2.0 litros e 16 válvulas do Pallas, capaz de gerar 143 cavalos a 6.000, com o torque de 20,4 kgfm disponível aos 4.000 giros. Não são números sensacionais, mas a força liberada em rotações menores é suficiente para garantir arrancadas incisivas -- por exemplo, deixando todo mundo para trás ao abrir o farol -- e um certo nervosismo no trânsito lento.
| ||
O VTR possui apenas transmissão manual, de cinco marchas (o sedã Pallas tem a opção automática de quatro velocidades). É um convite a personalizar a condução, mas também é uma chateação na cidade. Sorte que a posição de dirigir é confortável, favorecida pelas diversas regulagens de posição/altura e pelos ótimos bancos, muito envolventes e com apoio lombar. O formato peculiar do envidraçamento traseiro não prejudica a visibilidade. E a suspensão, embora dura, se comporta bem mesmo em asfalto irregular. Os pneus de perfil alto (195/65 R15) não combinam com o gosto médio do brasileiro, mas ajudam no rolar confortavel do VTR. Poderiam, no entanto, calçar rodas de desenho um pouquinho mais inspirado.
Tecnologia e mimos
Como dito mais acima, a Citroën trata bem os seus clientes, tanto em mimos quanto na tecnologia. O hatch esportivo conta com o já famoso volante de miolo fixo, que permite receber mais comandos e controles -- e que, acima de tudo, é um charme. Os faróis de xênon são direcionais, apontando para onde o carro vira (trata-se de um opcional). O painel principal, centralizado, é sensível à luz, ficando branco de dia e âmbar (como os demais displays) no escuro. E o aromatizador da cabine (um cartucho que é instalado num buraco no painel) funciona de verdade. Carros Rádicais abriu um novo, de baunilha (tem também de menta e "bambu") e transformou a cabine do VTR num ambiente doce.
Outros equipamentos de conforto interessantes são o ar-condicionado digital dual zone e o excelente apoio de braço deslizante; quanto à segurança, há seis airbags, freios ABS (antitravamento), ESP (controle eletrônico de estabilidade), ASR (controle de tração) e AFU (auxílio à frenagem de urgência).
O espaço interno é bom para quatro adultos (o entre-eixos é de 2,6 metros), mas não mais que quatro. Para facilitar o acesso ao banco traseiro, os dianteiros dobram e deslizam sobre os trilhos sem perder a posição original. E há uma aba na lateral dos bancos dianteiros para manter o cinto de segurança mais à mão (não usá-la é bem desconfortável). Tudo muito gentil, mas é evidente que o VTR é carro de solteiro ou de casal jovem.
VTR no bolso
Às contas: o VTR custa R$ 71.325, e completo (os opcionais são banco de couro, os faróis direcionais, rádio com painel digital e rodas de liga leve, além da pintura metálica) chega a R$ 86.905. É muito mais do que custam o Vectra GT (R$ 62.590, manual e completo) e o Vectra GT-X (R$ 69.590, manual), e muito mais também que o preço do Fiat Stilo Sporting (R$ 60.890,00, manual). Mas é menos que os R$ 95 mil do Golf GTI manual, embora pareça um certo exagero incluir o esportivo da Volkswagen, bem mais potente (193 cavalos), nessa comparação. Já o Volvo C30, aquele outro que abusa do vidro na traseira, custa R$ 90.182 com motor equivalente (2.0 de 145 cv).
Na bomba de gasolina -- o VTR só usa o derivado de petróleo -- o custo surpreende: após rodar 362 km, o computador de bordo previa autonomia de mais 184 km (total: 546 km). Como o tanque tem 60 litros, o consumo médio, obtido 70% na cidade, seria de ótimos 9,1 km/l. É mais um predicado de um carro bem diferente do usual.
0 Comments:
Post a Comment